quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Pobre...

Aqui estamos nós para mais uma despedida...
Daqui a poucos minutos as cortinas baixarão
e com o término da peça ficaremos à mercê da platéia,
aplausos? Talvez!...
A todos os presentes deixo uma pequena história,
um enredo que fala de uma vida que passou
não em brancas nuvens e nem em nuvens tão brancas....
Não é uma biografia, é um resumo.
Como todos nasci cheio de esperanças
não minhas, alheias...
Meus projetos só os idealizei mais tarde
quando comecei compreender o que era viver,
quando conheci o que era a decepção,
o sabor amargo que a esperança, o sonho deixam ao partir...
Mas tudo bem o jogo continua
até porque depois de uma certa idade
o destino se torna um juiz algoz
cujas regras são leis imutáveis para nós!
E os dias, semanas, meses e anos foram passando
deixando suas torpes marcas
à mostra em forma de calamidades
por todos os lados.... continuemos vivendo!!!
Mas verdade seja dita
não foram só desgraças no fluxo da vida
infinitas coisas boas aconteceram...
A infância onde tudo era novidade,
os primeiros passos, o início da vida escolar,
O primeiro amor...
O segundo, o terceiro, o quarto
e suas grandes decepções!
Bah! Amar doi demais!
A juventude sonhadora, os amigos
irmãos do peito para a vida toda
e a ilusão de conquistar o mundo
e o mundo nos devorando....
E a eterna certeza da derrota?
Ah! Todo mundo tem ela na alma
e aquela certeza de que a grama
que nasce no quintal alheio é mais saborosa
e passamos pela vida toda desejando sempre o que não temos,
não temos ainda, conquistaremos!!!!!
Por isso no balcão da ilusão
negociamos a nossa paz, nossa saúde
e labutando de sol a sol
gastamos nosso patrimônio maior
atrás do ilusório sonho do ter...
Quando um certo dia
conseguimos nos enxergar no espelho
e ali vemos um destruido caco de gente,
a ficha cai: __Perai !!!
Gastamos então todo nosso suado patrimônio
no afã da reconquista da saúde,
bobagem! Serão parcos segundos a mais
e talvez ainda assim erraremos...
Resumindo o ser humano é isso:
O tolo comerciante a se vender ao destino
por algo que não lhe serve,
ou então querendo devolver o produto
para ter de volta algo que sempre foi seu,
e a felicidade que nunca, nunca chega, se foi...
Ah! Não! Não digam agora pobre dele!!!
Deixem-me a doce ilusão de que fui rico,
que minhas conquistas como a de todos foram perfeitas,
que eu da minha parte me vou morrendo de inveja
de tudo aquilo que vocês têm
tentando não ver as outras coisas que vocês desfrutam com sofreguidão:
a poluição, o desmatamento, os rios morrendo ou destruidos,
o crime livre, leve e solto,
o trânsito infernal,
ai meu Deus que emoção esse congestionamentos!
As enchentes, os desmoronamentos,
a falta de politica social... os politicos...
os tsunamis, maremotos, terremotos, nevascas...
As pobrezas das vidas perdidas pelas avenidas e esquinas
do mundo de vocês...
Ah! Adeus meus queridos ricos....


09/01/10- 8h00

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